PCR começa a receber propostas - Folha de Pernambuco (Cotidiano)

Durante os próximos 15 dias a gestão irá incorporar sugestões às diretrizes urbanísticas na revisão do Novo Recife

CAROLINA LEÃO

Após uma audiência pública que durou quase seis horas e por pouco não foi cancelada, a Prefeitura do Recife começa a receber, a partir de hoje, sugestões para que sejam incorporadas às diretrizes urbanísticas que vão orientar a revisão do projeto Novo Recife. Um diagnóstico urbano sobre a chamada Ilha Antônio Vaz, que congrega os bairros de São José, Santo Antônio, Cabanga e Joana Bezerra, foi apresentando ontem, no auditório da Fafire, para cerca de 500 pessoas.

O levantamento feito pelo Instituto Pelópidas Silveira, presidido por Eveline Labanca, definiu oito premissas que irão orientar a revisão do projeto Novo Recife e ser apresentado como proposta ao Consórcio homônimo. Entre elas, estão a garantia de diversidade de usos e equipamentos públicos e privados, a promoção das condições de amenização e conforto ambiental do território em relação à cidade e o escalonamento de gabaritos das edificações, ou seja, da altura dos prédios. Tais premissas seguem o modelo dos projetos estruturadores que estão sendo desenvolvidos nos quatro bairros que integram a Ilha Antônio Vaz. São obras de restauro, requalificação, modernização e urbanização como o anexo do mercado São José, o Habitacional Sérgio Loreto e o Canal Ibirorã. (veja mais no quadro).

O encontro de ontem foi marcado por discursos emocionados, tumulto e bate boca que quase chegaram às vias de fato. A guarda municipal precisou intervir para evitar confrontos entre moradores do Coque que lideravam correntes pró e contra o Projeto Novo Recife.

A Prefeitura receberá as propostas urbanísticas até o dia 31 de julho através do email diretrizesantoniovaz@recife. pe.gov.br. Após essa data, o órgão terá 15 dias para analisar as sugestões e enviá-las ao projeto Novo Recife, que deve se pronunciar sobre as modificações a serem aceitas 30 dias após o recebimento das propostas. A expectativa do secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, é de que em dois meses o resultado final seja divulgado, respeitando o diálogo entre a população e o projeto Novo Recife. Não há, porém, garantias legais que as propostas entregues sejam de fato viabilizadas pelo empreendimento imobiliário, que pretende construir um complexo de torres comerciais e residenciais, de 40 andares na área do Cais José Estelita. Seria uma imposição. É um direito legal do Consórcio aceitar ou não as propostas. O papel da Prefeitura nesse caso é mediar o debate, colocou Antônio Alexandre.

Leonardo Cisneiros, militante do Ocupe Estelita e Direitos Urbanos, afirma ser imprescindível a atuação do Conselho da Cidade e do Ministério Público, caso o projeto final apresentado esteja em dissonância com as prerrogativas defendidas pelos movimentos sociais e entidades de classe que vêm se reunindo e discutindo o assunto desde maio de 2014, quando houve a demolição parcial dos armazéns - atualmente suspensa pela PCR e embargada pelo IPHAN.

Saiba mais

POSICIONAMENTO-O Consórcio Novo Recife vai aguardar as proposições de mudança ao Projeto Novo Recife que venham a ser solicitadas pela Prefeitura depois da realização da Audiência Pública que ocorreu na tarde de ontem. O Consórcio mantém sua posição de estar aberto ao diálogo.