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30 de Abril de 2024
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    Denúncia foi estopim - Jornal do Commercio (Cidades)

    CRIME AMBIENTAL Suspeito fez ameaças ao promotor Thiago Faria, que o denunciou por ter desmatado uma reserva na fazenda

    Uma denúncia de crime ambiental praticado pelo fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa nas terras da Fazenda Nova, em Águas Belas, no Agreste pernambucano, e formalizada judicialmente pelo promotor Thiago Faria Soares, inclusive com fotos anexadas aos autos, foi o estopim para a execução fria do promotor de Justiça. A denúncia teria potencializado a revolta do fazendeiro, apontado pela polícia como o mandante da morte do promotor. Além de ter sido obrigado a abandonar os 25 hectares da propriedade em que morava, perdendo o direito de usufruir de uma fonte de água mineral que rendia R$ 1,5 milhão por ano - fato ocorrido depois que o promotor passou a interferir no processo -, o fazendeiro também se viu ameaçado de ir preso. Coagido, fez ameaças reais a Thiago Farias.

    Na noite de ontem, Edmacy Cruz Ubirajara, suspeito de ter disparado os tiros que matou o promotor, foi transferido de Águas Belas para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, onde chegaria na madrugada de hoje.

    Para fundamentar a denúncia ambiental, o promotor chegou a fotografar pessoalmente o desmatamento de uma reserva localizada nos 1.800 hectares da Fazenda Nova e anexá-las ao processo de reintegração de posse, no qual a noiva, a advogada Mysheva Freire Ferrão Martins, movia contra o fazendeiro. Isso tudo porque, além dos 25 hectares da fazenda que tinha arrematado num leilão por R$ 100 mil, Mysheva havia entrado na Justiça para destituir o atual responsável pelo inventário das terras, Carlos Ubirajara, parente da mulher do fazendeiro. "José Maria chegou a acusar o promotor diante de testemunhas. Disse que, além de deixá-lo sem a terra, o promotor também queria levá-lo à prisão. E que aquilo não ficaria assim. Thiago Faria entrou em cena há pouco tempo, apenas desde janeiro, quando passou a namorar Mysheva, mas a disputa entre as famílias pelas terras da Fazenda Nova é antiga, tem mais de oito anos", explicou o chefe da Polícia Civil, delegado Osvaldo Moraes.

    Esses detalhes foram apresentados na manhã de ontem, pela cúpula da Secretaria de Defesa Social (SDS), que definiu como elucidada a morte do promotor Thiago Faria Soares, 36 anos, executado friamente com tiros de espingarda calibre 12 na manhã de segunda-feira, no Agreste pernambucano. O acusado de ser o autor dos disparos, o agricultor Edmacy Cruz Ubirajara, encontra-se preso desde a noite de terça-feira em Águas Belas, tendo sido reconhecido pela noiva da vítima. E o suposto mandante do crime, o fazendeiro José Maria, conhecido como Zé Maria de Mané Pedo, está sendo procurado por uma força-tarefa até fora do Estado, com cartazes e promessas de recompensas para quem o denunciar. O motivo do crime também foi confirmado: o envolvimento pessoal de Thiago Faria na disputa das terras para beneficiar a noiva.

    PENDÊNCIAS

    Falta, entretanto, prender o suposto mandante, identificar e localizar o segundo envolvido na execução, o motorista que conduziu o Celta prata usado no crime (e não um Uno preto, como foi informado inicialmente), e que deu cobertura a Edmacy Ubirajara, sem sair do carro. "As investigações continuam e nossa equipe que está à frente do inquérito tem ainda muito trabalho. Mas conseguimos esclarecer o crime, suas causas e os envolvidos. Em menos de 36 horas demos uma resposta à sociedade. Mostramos que não se pode matar um promotor de Justiça, independentemente da causa, e ficar impune. É uma afronta ao estado democrático de direito. A resposta tinha que ser rápida. Assim, deixamos claro, também, que essa prática que predomina no interior de resolver as desavenças no dente por dente, olho por olho, está acabando em Pernambuco", advertiu o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio.

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