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30 de Abril de 2024
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    Polícia na caça a fazendeiro - Jornal do Commercio (Cidades)

    ITAÍBA Suspeito de mandar matar Thiago Faria teria sido prejudicado em disputa por terras arrematadas pela noiva do promotor

    Assassinado a mando de um fazendeiro prejudicado numa disputa por terras e por ter usado a influência da função de promotor de Justiça para beneficiar a noiva, Mysheva Freire Ferrão Martins, por quem estava apaixonado desde janeiro. Essas são as primeiras conclusões da Polícia Civil na investigação sobre a brutal execução do promotor de Justiça de Pernambuco Thiago Faria Soares, 36 anos, morto com quatro tiros de espingarda calibre 12 na cabeça e no pescoço, na manhã de segunda-feira, na PE-300, rodovia que liga as cidades de Itaíba, onde atuava, e Águas Belas, no Agreste Meridional de Pernambuco. O mandante do crime seria, segundo a polícia, o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, conhecido como Zé Maria de Paula, antigo posseiro da terra alvo da disputa judicial. Fazendeiro da região, tem uma ficha criminal longa, incluindo acusação de homicídio. O fazendeiro está sendo procurado por uma força-tarefa das Polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal, após expedição de mandado de prisão temporária. Na tarde de ontem um cunhado do fazendeiro, Edmacy Ubijara, foi detido na Delegacia de Águas Belas. À noite, policiais fecharam uma rua de Itaíba para investigações sobre por onde Ubirajara teria passado no dia do crime.

    A identificação do fazendeiro foi confirmada pelo chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Osvaldo Moraes, durante o velório do promotor, no Centro do Recife. "Zé Maria de Paula estava numa disputa pelo espólio da Fazenda Nova, em Águas Belas, alvo de uma dívida trabalhista, que foi a leilão. Em 2012, antes de conhecer o promotor, sua noiva conseguiu arrematar parte da fazenda por R$ 100 mil. Em janeiro, eles se conheceram, começaram um relacionamento e, em junho, a imissão de posse foi dada pela Justiça. O fazendeiro se viu obrigado a deixar a fazenda e ficou revoltado", explicou Osvaldo Moraes.

    A Fazenda Nova pertencia a Maria das Dores Ubirajara Tenório, que morreu em 2006, aos 95 anos, e não deixou filhos. O espólio do bem conta com 10 herdeiros diretos, entre os quais Jandira Cruz Ubirajara, esposa de José Maria, posseiro da propriedade. O secretário-executivo de Defesa Social, Alessandro Carvalho, informou que, devido a uma dívida trabalhista da antiga proprietária, a Justiça do Trabalho decidiu realizar um leilão de 25 hectares do terreno. A advogada Mysheva Martins, então, arrematou a terra pelo lance mínimo de R$ 100 mil, ainda em outubro do ano passado, antes mesmo de conhecer o promotor. A família de José Maria garantiu que não foi informada sobre o leilão e disse que entrou com representação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) pedindo a anulação da concorrência. O promotor teria atuado no caso para favorecer a família da noiva, que passou a morar no local desde então.

    "O que podemos garantir, por enquanto, é que ele não atuou nesse caso como promotor oficialmente. Mas incorporou a causa, chegando a discutir verbalmente com o fazendeiro suspeito de ser o mandante. Ele comprou a briga em nome do amor que sentia pela noiva e virou alvo. A principal prova é que dispararam mais de 20 tiros contra o veículo em que ele estava com a noiva e o tio dela, e apenas ele foi acertado", analisa uma fonte da Secretaria de Defesa Social, ouvida em sigilo pela reportagem. Nos bastidores da investigação, comenta-se que os assassinos não mataram a noiva do promotor e o tio dela porque não quiseram. "A disputa entre famílias é conhecida na região. Uma coisa é assassinar o noivo de uma Martins. Outra, bem diferente, é matar um Martins", analisa a mesma fonte.

    O MPPE silenciou sobre a informação de que o promotor teria usado de influência da função em benefício próprio. O procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Aguinaldo Fenelon, defendeu ser precipitado tirar conclusões. Fontes do MPPE, no entanto, dizem que Thiago Faria teria sido transferido para a Comarca de Iati por causa da relação com o caso.

    (conteúdo vinculado)

    Área seria cenário da festa de casamento

    A Fazenda Nova, situada às margens da BR-423, em Águas Belas, foi o local escolhido para a festa de casamento entre Thiago Faria Soares e Mysheva Martins, marcado para 1º de novembro. Alvo de uma briga entre cerca de 10 herdeiros, o terreno possui, ao todo, 1.800 hectares e está avaliado em quase R$ 20 milhões.

    A área foco da disputa tem 25 hectares e inclui a sede da fazenda. Foi arrematada por R$ 100 mil, mas valia cinco vezes mais.

    De acordo com parentes de Zé Maria, dezenas de cabeças de gado morreram com a seca que se abateu sobre a região, mas ainda há em torno de 120 animais no local. A terra também é utilizada para plantação de feijão, milho e algumas hortaliças.

    Quando houve a desapropriação e Zé Maria foi expulso da Fazenda Nova, em junho, deixou um rastro de destruição que ainda se faz presente.

    Do local imponente e exuberante, restou apenas a casa principal, em bom estado de conservação. Um imóvel que abrigava funcionários ao lado da rodovia foi quase todo destruído.

    Anexos erguidos no quintal foram destelhados, tiveram portas e janelas arrancadas e foram completamente revirados.

    Mesmo a mansão sofreu avarias: teve o banheiro depredado e as portas levadas. Os entulhos ainda denunciam o tamanho da indignação do antigo posseiro ao ter que abandonar a terra.

    "Existia essa dívida trabalhista e a Justiça decidiu leiloar 25 hectares. O problema é que, dos 1.800 hectares do terreno, colocaram em leilão justamente a parte da sede", comentou um familiar do acusado.

    Mesmo em ruínas, a fazenda sediaria a festa de casamento entre Thiago e Mysheva. Os convites já haviam sido distribuídos. A cerimônia, a ser realizada em 1º de novembro, às 17h30, teria a presença de 300 convidados. Mysheva pegaria o vestido de noiva esta semana. "Ela está arrasada. Nos falamos ainda no hospital. Ela falou que ele foi um herói e que era o amor da vida dela" , contou a assistente social Renata Almeida, 40 anos, amiga de Mysheva e colega de trabalho do promotor. "Ele era um meninão. Adorava crianças e estava sempre brincando. Não tinha inimizade com ninguém", contou a dona de casa Hilma Tavares, 67, amiga da família e que estava ontem pela manhã na casa do casal, um imóvel de primeiro andar em Águas Belas.

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